- Imagens da Aula
- +
- +
- Curso
Cartografia é a ciência que trata da concepção, produção, difusão, utilização e estudo dos mapas.
O conceito mais aceito de cartografia é o da Associação Cartográfica Internacional, de 1966:
“Conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base o resultado de observações diretas ou da análise da documentação, se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão e representação de objetos, fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos, bem como sua utilização”.
Um dos conceitos mais atuais de cartografia, também é da Associação Internacional de Cartografia, de 1991:
“ciência que trata da organização, apresentação, comunicação e utilização da geoinformação, sob uma forma que pode ser visual, numérica ou tátil, incluindo todos os processos de elaboração, após a preparação dos dados, bem como o estudo e utilização dos mapas ou meios de representação em todas as suas formas”.
Obs: Cartografia deriva do grego graphein que pode ser definido como escrita e do latim charta que significa folha para escrita, papel. Logo, mostra uma ligação com a apresentação gráfica da informação através da sua descrição em papel.
As representações cartográficas podem ser por traço ou por imagem.
Por Traço:
Globo – representação sobre uma superfície esférica, em escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade cultural e ilustrativa.
Mapa – generalizando, mapa pode ser definido como uma “representação plana, em diferentes escalas (normalmente em escala pequena), dos aspectos geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área delimitada por elementos físicos, político-administrativos, destinada aos mais variáveis usos: temáticos, culturais ou ilustrativos”.
Carta – em resumo, é uma representação plana, em escalas médias ou grandes, dos aspectos naturais e artificiais de uma área. Representa uma avaliação precisa de direções, distâncias e localização de pontos, áreas e detalhes. Os limites dessas representações geralmente são as coordenadas geográficas, e raramente terminam em limites político-administrativos. As cartas permitem medições precisas de distâncias e direções.
Planta – é um caso particular de carta. Representa uma área limitada, em escala grande, que mostra um número grande de detalhes.
Mosaico – conjunto de fotos de uma determinada área, recortadas e montadas de forma técnica e artística, de forma a dar a impressão de que todo o conjunto é uma única fotografia.
Podem ser classificados ainda em:
• Controlado: obtido a partir de fotografias aéreas submetidas a processos específicos de correção. Desta maneira a imagem resultante corresponde exatamente a imagem no instante da tomada da foto. É um mosaico de alta precisão.
• Não-controlado: é preparado através do ajuste de detalhes de fotografias adjacentes. As fotografias não são corrigidas e não há controle de terreno. É um mosaico de montagem rápida, mas não tem precisão, sendo satisfatórios para alguns tipos de trabalho.
• Semicontrolado: montados combinando características do mosaico controlado e do não controlado. Usa-se, por exemplo, controle de terreno com fotos não corrigidas.
Fotocarta – é um mosaico controlado, sobre o qual é feito um tratamento cartográfico.
Carta Imagem – é a imagem referenciada a partir de pontos identificáveis e com coordenadas conhecidas.
Ortofotocarta – é uma ortofotografia. É a fotografia resultante da transformação de uma foto original, que é uma perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal sobre um plano, complementada por símbolos, linhas e georreferenciada, com ou sem legenda, que pode conter informações planimétricas.
Ortofotomapa – conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada região.
Fotoíndice – geralmente em escala reduzida, é uma montagem por superposição das fotografias. É a primeira imagem cartográfica da região. É um serviço necessário para o controle de qualidade de aerolevantamentos usados na produção de cartas através do método fotogramétrico.
ESCALAS
• É a relação matemática entre as dimensões do objeto no real e a do desenho que o representa em um plano ou mapa.
• É um dos elementos essenciais de um mapa, juntamente com a legenda, orientação, legenda e fonte.
• A escala é definida da seguinte forma:
E = d/D
• E é a escala;
• d é a distância na projeção (mapa);
• D é a distância real no terreno.
• A relação d/D pode ser maior, igual ou menor que a unidade.
• Essa relação leva à classificação das escalas quanto sua natureza, em três categorias:
• Quando d > D;
• Quando d = D;
• Quando d < D;
• Esta última categoria é usada em cartografia, quando a distância gráfica é menor que a real (d < D).
• É uma escala de projeção menor, empregada para reduções, em que as dimensões no desenho são menores que as do modelo.
As escalas podem ser apresentadas de duas maneiras:
• Escala de mapeamento: representada por um gráfico.
• Escala numerada: representada por números.
Podem se apresentar também na forma de:
• Fração: 1/1000, 1/250
• Proporção: 1:1000, 1:250
Quanto ao tipo, podem ser:
• Grande: é considerada grande quando os elementos são pouco reduzidos. Ex: 1:100, 1:500.
• Média (entre 1:100000 a 1:1000000)
• Pequena: é considerada pequena quando se reduzem muitos os detalhes. Ex: 1:200000, 1: 1000000.
REPRESENTAÇÃO E LEITURA DE ESCALAS
A representação pode ser em:
• Escala natural: quando o tamanho físico do objeto representado no plano coincide com a realidade. É usada quando é necessário uma alta fidelidade de representação da região a ser reproduzida. É numericamente representada por E1:1.
• Escala reduzida: representa uma área que é maior na realidade do que na representação. É usada geralmente em plantas de habitações e mapas físicos de territórios extensos onde, por motivos práticos, é necessário a redução, que pode chegar a E1:50000 ou E1:100000. Para conhecer o valor real de uma dimensão, multiplica-se a medida do plano pelo valor do denominador.
• Escala ampliada: é usada quando é necessária a representação de detalhes mínimos de uma determinada área. Nesse caso, o valor do numerador é mais alto que o denominador, sendo que se deve dividir pelo numerador para conhecer o valor real da peça. Ex: E2:1 ou E10:1.
Obs: De acordo com normas de desenhos técnicos, recomenda-se usar as seguintes escalas normatizadas:
• Escalas reduzidas – 1:2, 1:5, 1:10, 1:20, 1:50, 1:100, 1:200, etc.
• Escala natural – 1:1
• Escalas ampliadas – 100:1, 50:1, 20:1, 10:1, 5:1, 2:1.
• A escala numérica representa a relação entre o valor da representação.
• Por exemplo, 1:1000, indica que uma unidade qualquer do plano representa 1000 dessa mesma unidade na realidade.
• Ou seja, dois pontos no plano que se encontram a 1 cm estão na realidade a 1000 cm.
• Lê-se a escala da seguinte forma: um por mil, o que significa que a distância real sofreu uma redução de mil vezes.
• É a representação desenhada da escala unidade por unidade.
• Facilita a leitura de uma planta.
• Por exemplo: 0_____100km.
PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA
• É a base para a construção dos mapas.
• Sempre haverá distorções na representação da superfície terrestre em mapas.
• As projeções cartográficas são desenvolvidas para minimizar as imperfeições dos mapas e proporcionar maior rigor científico à cartografia.
• Não existe projeção melhor ou pior, cada uma se adapta a determinadas finalidades.
• As projeções são baseadas em relações matemáticas e geométricas.
Podem ser classificadas de várias maneiras.
1. Método:
• Projeção geométrica: é baseada em princípios da geometria. Pode ser obtida pela interseção, sobre a superfície de projeção, do feixe de retas que passa por pontos da superfície de referência partindo sempre de um ponto.
• Projeção analítica: é baseada na formulação matemática obtida com o objetivo de se atender condições previamente estabelecidas.
• Projeção azimutal ou plana: é construído sobre um plano tangente a um ponto qualquer da superfície terrestre. É um tipo de projeção usada para representação das áreas polares e suas proximidades e para localizar um país na posição central, sendo possível o cálculo da sua distância em relação a qualquer ponto da superfície terrestre. Pode ser de três tipos: polar, equatorial e oblíqua. O emblema na ONU é uma projeção azimutal.
• Projeção cônica: a superfície terrestre é representada num cone envolvendo o globo terrestre. Os paralelos formam círculos concêntricos e os meridianos são linhas retas que convergem para os polos. Essa projeção é usada para representar áreas continentais ou partes da superfície terrestre. As distorções próximas ao paralelo de contato com o cone são pequenas e aumentam à medida que se distanciam desse paralelo. Sua posição em relação à superfície de referência pode ser: normal, transversal e oblíqua (ou horizontal).
• Projeção cilíndrica: é uma das mais usadas. É obtida com a projeção da superfície terrestre, com os paralelos e meridianos sobre um cilindro em que o mapa será desenhado. Ou seja, a superfície da Terra é representada num cilindro envolvendo o globo terrestre. Esta projeção conserva a forma dos continentes, direções e ângulos, mas altera a proporção das superfícies. É usada para representações do globo, como mapas-múndi. Suas possíveis posições em relação à superfície de referência podem ser: equatorial, transversal e oblíqua (ou horizontal).
• Projeção polissuperficial: é quando se apresenta mais de um tipo de projeção para aumentar o contato da superfície de referência. O objetivo é diminuir as deformações. Ex: plano-pioliédrica, cone-policônica.
• Projeção equidistante: não apresentam deformações lineares para algumas linhas em especial. As distâncias se preservam e as áreas e ângulos são deformados.
• Projeção conforme: os ângulos se preservam, mas as áreas são deformadas.
• Projeção equivalente: as áreas são preservadas e os ângulos são mudados.
• Projeção afilática: não se conserva propriedades, mas minimiza as deformações em conjunto (ângulos, áreas e distâncias).
• Projeção secante: a superfície de projeção secciona a superfície de referência.
• Projeção tangente: a superfície de projeção tangencia a referência.
• Projeção Senoidal: É um tipo de projeção que procura manter as dimensões superficiais reais, deformando a fisionomia. Essa distorção é intensificada na periferia do mapa.
• Projeção de Mercator ou Projeção Cilíndrica Conforme: conserva a forma dos continentes, direções e ângulos verdadeiros. É utilizada para navegação marítima e aeronáutica.
• Projeção de Peters ou Projeção Cilíndrica Equivalente: conserva a proporcionalidade das áreas, preservando as superfícies representadas, mas não mantém as formas, direções e ângulos. Projeção de Robinson: representação global da Terra. É a projeção mais usada nos atlas atuais, onde os meridianos são colocados em linhas curvas, em forma de elipse que se aproximam ao se afastar da linha do Equador. É uma projeção aperfeiçoada de Mercator.
Obs: Peters acreditava que os mapas eram manifestações simbólicas da submissão dos países do Terceiro Mundo, e combateu a imagem de superioridade dos países do Norte representada na projeção de Mercator.
• A Cartografia Digital ou Cartografia Assistida por Computador também pode ser chamada de mapeamento digital.
• É o processo pelo qual um conjunto de dados são compilados e formatados em uma imagem virtual.
• É um conjunto de ferramentas, incluindo programas e equipamentos, orientado para conversão para o meio digital, armazenamento e visualização de dados espaciais.
• A partir da década de 70, com o desenvolvimento da informática, começaram a surgir novos conceitos, como os termos CAD (Computer Aided Design), CAM (Computer Aided Mapping) e AM/FM (Automated Mapping / Facility Management), que são sistemas voltados para a transformação do mapa analógico para o meio digital.
• Foi um novo panorama para a cartografia tradicional.
• O CAD, por exemplo, é um sistema de desenho auxiliado por computador, que não é específico para a cartografia, mas é um dos meios de conversão analógico/digital de mapas.
• Esta tecnologia produz mapas que dão representações precisas de uma determinada área.
• A cartografia digital tem como finalidade produzir representações digitais da realidade geográfica que sejam precisas e atualizáveis, tornando a elaboração de mapas mais dinâmica.
• O armazenamento, atualização e exibição da informação territorial cartografada envolve os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e a captura de dados envolve o sensoriamento remoto.
• A cartografia digital pode ser encontrada em uma variedade de aplicações computacionais, como o Google Earth, por exemplo.
• O principal uso desses mapas é com o Sistema de Posicionamento Global, ou rede de satélites GPS, usados em sistemas de navegação automotivo padrão.
• Os primeiros mapas digitais tinham a mesma funcionalidade que os mapas de papel, ou seja, forneciam uma “visão virtual” de estradas.
• Mas, com a expansão da tecnologia GPS, foram se adicionando outras funcionalidades, como atualizações de trânsito em tempo real, pontos de interesse e locais de serviço.
• Em muitos casos os usuários podem escolher entre mapas virtuais, por satélite ou vistas híbridas (combinação de mapa virtual e vistas aéreas).
• A capacidade de atualizar e expandir dispositivos de mapeamento digital, estradas recém-construídas e locais podem ser adicionadas para aparecer nos mapas.
• Uma das vantagens da cartografia digital em relação à cartografia convencional é a produção de mapas e cartas atualizados, além da possibilidade de serem impressos apenas segundos às necessidades verificadas, evitando cópias desatualizadas.
• Outra vantagem é a disponibilização digital dos dados cartográficos.
• Isso facilita a interação entre o mapa e o usuário.
• Um exemplo disso é o Google Maps, em que os usuários podem traçar rotas, criar mapas com lugares destacados, visualizar imagens de alta resolução, etc.
• A cartografia digital passou a produzir dois produtos diferentes: o primeiro substitui o mapa impresso por uma base de dados digital no processo de armazenamento da informação.
• Já o segundo é a visualização cartográfica em diversos meios.
• Na medida que foram desenvolvidos os sistemas de gerenciamento de banco de dados, o processo evolutivo da cartografia digital saltou para um patamar superior.
• Isso tornou possível a ligação da base cartográfica digital ao banco de dados descritivo.
• Assim, surgiram os Sistemas de Informação Geográfica (SIG).
• Os mapas digitais dependem de uma grande quantidade de dados coletados ao longo do tempo.
• A maioria das informações que compõem os mapas digitais é o resultado de imagens de satélite e informações de nível de rua.
• Os mapas devem ser atualizados com frequência para fornecer a reflexão mais precisa de um local.
SIG – SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
• Um Sistema de Informação Geográfica é um instrumento eficiente para todas as áreas do conhecimento que utilizam mapas, pois possibilita: a aquisição de dados vindos de diversas fontes e formatos diferentes; a integração em uma única base de dados de informações que representam vários aspectos do estudo de uma região; gerar relatórios e documentos gráficos de diversos tipos; etc.
• O SIG pode ser usado de várias maneiras, como ferramenta para produção de mapas, como suporte para análise espacial de fenômenos, ou ainda como um banco de dados geográficos.
• Pode ser definido como um conjunto de softwares, métodos, dados e usuários integrados que tornam possível a coleta, armazenamento, análise e disponibilização de informações.
• O banco (ou base) de dados é um conjunto de arquivos que estão estruturados de forma a facilitar o acesso a informações que descrevem determinadas entidades no mundo.
• O SIG analisa as relações geográficas entre os elementos, empregando modelagem e técnicas específicas relacionadas à informação espacial.
• Além da elaboração de mapas digitais, os SIGs ainda permitem a análise de dados com referência espacial.
• Os SIGs são utilizados para melhorar o gerenciamento de informações e ajudar nos processos de tomada de decisão, nas áreas de transporte, proteção ambiental, planejamento municipal, estadual e federal.
Obs: O SIG tem origem com o desenvolvimento do Canadian Geographic Information System (CGIS), no início dos anos 60. Foram três fatores que propiciaram a criação dos sistemas de informações geográficas nos anos de 1960: refinamentos na técnica cartográfica, rápido desenvolvimento dos sistemas computacionais digitais e uma revolução quantitativa na análise espacial.
• Os SIGs permitem a realização de operações complexas de análises sobre dados espaciais.
• Eles podem manipular dados gráficos e não gráficos, o que possibilita a integração de informações para análise e consulta.
• Os SIGs tem capacidade de integrar em uma única base de dados informações espaciais de dados cartográficos, dados censitários e cadastros urbanos e rurais, imagens de satélite, redes e modelos numéricos de terreno.
• Além disso, oferecem mecanismos para combinar as informações e consultar e visualizar o conteúdo da base de dados georreferenciados.
• Os dados georreferenciados (referenciados geograficamente) podem ter representação gráfica, numérica ou alfanumérica (letras e números) e expõem fenômenos geográficos sobre ou sob a superfície.
• Mapas produzidos por SIG são instrumentos de decisão, ainda mais quando a decisão tem impactos espaciais (como a escolha da localização de uma estrada, por exemplo).
• O espaço é um bem de todos e a decisão de como utilizá-lo deve ser feita com cuidado.
• Basear decisões desse porte em mapas que induzam a erro pode levar a danos irreparáveis.
• De forma restrita, pode-se dizer que os SIGs são um instrumento de produção de mapas, em que se adicionam a função de análise às funções cartográficas.
• O processo de análise torna-se mais complexo uma vez que são sobrepostos diversos mapas temáticos, gerando uma quantidade maior de informação a partir de um mapa produzido por um SIG.
boa tarde…excelente artigo.
Gostaria de saber se há relação entre transporte de coordenadas e conversão de base cartografica?
Obrigado